É um gênero musical, cujo termo deriva de baiano, uma dança popular nordestina. Já era conhecido no interior do Nordeste do Brasil no final do século XIX, sendo executado em sanfonas pelo sertão.
Era registrado como baiano nas toadas do bumba-meu-boi. Segundo Pereira da Costa, é um misto de dança, poesia e música, cujas toadas são acompanhadas a viola e pandeiro. [...] dança rasgada, lasciva, movimentada, ao som de canto próprio, com letras, e acompanhamento a viola e pandeiro, e originária dos africanos, transformação das suas danças nacionais como o maracatu e o batuque[...]
O primeiro registro da palavra baião na discografia brasileira foi feito na década de 1920, por Jararaca (José Luiz Rodrigues Calazans), quando gravou oSamba nortista, de Luperce Miranda (Odeon nº 10.360b), cantando em solo:
Baiana eu vou mergulhando
No compasso do baião
Requebra mais baianinha
Machuca meu coração[...]
Para o folclorista Luiz da Câmara Cascudo o baião é a fiel expressão da música nordestina do sertão, que nasceu sob a influência do cantochão (canto litúrgico da Igreja Católica) dos missionários, brotando das violas, das sanfonas de oito baixos, das zabumbas, dos pífanos dos homens rústicos. Está associado aos termos baiano e rojão.
A coreografia do baião consiste basicamente na improvisação de movimentos. A quantidade de músicos pode variar mas, predominantemente, são três, que tocam a sanfona, o triângulo e a zabumba. Podem fazer parte também outros instrumentos como a rabeca, o pandeiro e o agogô.
Entre 1939 e 1945, durante a segunda guerra mundial, devido a grande presença de marinheiros estrangeiros no Rio de Janeiro, a música popular brasileira ia sendo dominada por ritmos internacionais, como o bolero. A música nordestina tornou-se então um foco de resistência à dominação estrangeira.
O baião, que havia sido lançado pela primeira vez, em 1946, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, passou a ter bastante sucesso na música popular brasileira, conquistando os primeiros lugares nas “paradas de sucesso” da época.
Assim, quem imprimiu o formato urbano ao baião foi o sanfoneiro pernambucano, que na década de 1940, para sobreviver como imigrante pobre no Rio de Janeiro, arrecadava dinheiro nos bordéis cariocas, tocando valsas, sambas e serestas, acrescentando também ao seu repertório músicas do sertão nordestino, entre as quais o baião, que até a metade da década de 1950, era o ritmo da moda, tanto no Nordeste como no Sul do país.
Luiz Gonzaga aclamado pelo público como o “rei do baião” lançou nesse período uma série de baiões de sucesso como, Juazeiro, Vem morena, Dezessete légua e meia, Forró de Mané Vito, No Ceará não tem disso não, Xanduzinha, Qui nem jiló, Paraíba, Respeita Januário, A dança da moda, Sabiá, Olha pro céu e muitos outros.
Depois de fazer sucesso, o baião passou a ser gravado por diversos artistas famosos como, Emilinha Borba, Marlene, Ivon Curi, Carmem Miranda, Isaurinha Garcia, Ademilde Fonseca, Dircinha Batista, Jamelão, entre outros. As cantoras Carmélia Alves e Claudete Soares foram aclamadas como a Rainha ePrincesa do Baião, respectivamente, e o cantor Luiz Vieira como Príncipe.
Em 1950, tornou-se o gênero musical brasileiro mais influente no exterior até a década de 1960, quando começou a perder prestígio para a bossa nova e o rock and roll. O baião Delicado do compositor Valdir Azevedo recebeu diversos arranjos de maestros americanos.
Mesmo com o seu relativo esquecimento, o baião continuou sendo cultivado por inúmeros artistas e músicos nacionais, como Dominguinhos, Zito Borborema, João do Vale, Quinteto Violado, Jorge de Altinho.
Em 1967, Gilberto Gil lançou músicas com influências rítmicas do baião, a exemplo de Domingo no parque, que participou do Festival de Música da Record, junto com Alegria, alegria, de Caetano Velloso, dando início ao movimento Tropicalista.
O baião influenciou também gerações mais novas de artistas como Raul Seixas, que realizou uma fusão do rock com o baião, criando o baioque e continua a ser cultivado, especialmente no Nordeste, e em outras regiões do país.
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